segunda-feira, 11 de abril de 2016

Voltando à Patagônia - Terceiro Dia

Terceiro dia: Vulcão Lanín

Nosso terceiro dia seria novamente na estrada, desta vez rumo ao Vulcão Lanin, "rocha morta" na linguagem mapuche.
Seguimos pela Ruta 40 até Junín de Los Andes e a partir deste ponto seguimos pela Ruta 61, estrada de rípio e muito bem conservada. Novamente uma diversão para o Maurício, embora esta estrada fosse mais larga e menos sinuosa, traduzindo, não tão emocionante para ele!

Estrada de rípio, ruta 61, ao fundo o Vulcão Lanin.
O dia havia amanhecido um pouco de frio com temperatura de 3ºC, sim quis dizer pouco, pois como o clima nesta região é muito seco, num dia ensolarado a sensação térmica faz com que não se sinta tanto o frio, basta vestir uma jaqueta sobre uma camiseta e já foi o suficiente. Mas com o passar do dia a temperatura foi subindo aos poucos, chegando ao meio da tarde a ficar acima dos 25ºC novamente.

Já dentro do Parque Nacional Lanín, chegamos ao "Guardaparque" ao pé do vulcão. Estima-se que a sua última erupção do Lanín ocorreu a mais de 1000 anos e desde então não se registrou mais nenhuma ação. A sua altitude é de 3726 metros acima do nível do mar e o lado sul apresenta constantemente gelo ou glaciares como são chamados.
Não pretendíamos escalar, segundo informações de guias locais, para tal aventura são necessário 4 dias entre subida e descida, sendo esta realizada sempre pelo lado norte do vulcão, ou seja, o lado menos gelado.




Vulcão Lanín topo com os glaciares no lado sul.
Após deixarmos o carro estacionado ao lado do guardaparque, encontramos uma trilha que dá acesso ao topo de um cerro com vista panorâmica do vulcão e Lago Tromen e decidimos fazê-la. Trekking com dificuldade considerada média / alta e para tal o auxílio dos meus bastões de apoio foram primordiais, principalmente na descida, sem eles com certeza eu teria tido mais caído mais vezes.

 A trilha é muito bem conservada e bem trilhada na qual encontramos entre as inúmeras árvores caídas, sendo que vários troncos foram cortados de forma a liberar o acesso dos aventureiros.
Após a primeira meia hora de caminhada, ficou claro o porque a trilha tem este nível de dificuldade, apresentava subidas íngremes e um solo arenoso, devido a escassez das chuvas, esta estava um tanto escorregadia, exigindo maior cuidado.

Trilha bem demarcada.
Após 1 hora de subida, chegamos ao topo o qual fez valer cada passo e degrau que tivemos que subir, a paisagem é simplesmente deslumbrante, onde é possível ver o vulcão, o lago com seu azul vibrante e uma praia de aproximadamente 1 km, além das montanhas e a planície ao seu entorno.

Foto panorâmica, à esquerda o vulcão, a frente o lago Tromen e a direita parte do mirante.
Depois de uma seção de fotos e tempo para apreciar a paisagem, chegou a hora de iniciarmos a descida. Mas a descida foi bem mais complicada, pois tentar se manter em pé em alguns pontos da trilha era bem difícil, tanto que me fez lembrar do velho ditado: "para baixo todo santo ajuda", o que é real, pois algumas vezes eu escorreguei e desci mais rápido do que o pretendido (risos!). O Maurício achou uma maneira de não cair e desceu a trilha correndo, fazendo com que percurso de volta fosse feito em aproximadamente 40 minutos e sem quedas, eu levei meia hora a mais do que ele e cheguei mais suja mas menos cansada.

A estrada de acesso a praia do lago termina num camping: uma estrutura pública muito bem conservada onde encontram-se mesas, bancos e churrasqueiras para os turistas ao lado do estacionamento da praia. Neste local o acesso é também liberado para pesca, sendo que muitos turistas vem passar o dia com a família e trazem os cachorros para correr livremente pelo local.

A praia é formada por pedrinhas pretas, talvez este seja o motivo pelo qual os mapuches chamavam este lago de "lugar sombrio =Tromen", esta cor escura contrasta com a água cristalina, o verde da vegetação e o branco dos troncos caídos (estes perdem a casca com o tempo e apresentam uma cor muito clara), formando um jogo de cores realmente lindo.



Córrego que deságua no lago.

Praia Lago Tromen.
Depois de tanta beleza natural, voltamos a San Martin, estávamos cansados e muito sujos, precisávamos de um banho urgente.

Após o banho resolvemos ir na Dublin, um pub na Av San Martin que fica aberto praticamente o dia inteiro. Pedimos um café meia tábua de frios, o que foi mais do que suficiente para uma refeição para nós três.



Meia tábua de frios.
Estávamos sentados a beira da calçada e tivemos uma companhia durante toda a nossa estada no pub, um cachorro que acabou ganhando pão e alguns outros petiscos. O que nos chama sempre a atenção é a educação destes animais, eles chegam quietos e discretos, dão uma olhada para você e se você responder ao olhar dele, ele fica por perto até ganhar alguma coisa para comer e comem com educação e sem fazer fuzarca. Este é o reflexo do tratamento que recebem das pessoas, percebemos que os diversos animais destes na rua são tratados com respeito pela população local. No próprio pub que estávamos o garçom fazia a volta na mesa para desviar do cachorro, deixando-o descansar livremente entre as mesas e desfrutar da companhia dos clientes.



 E assim encerramos mais um dia, felizes pela educação da cidade e pelo respeito aos animais.






Voltando à Patagônia - Segundo Dia

Segundo Dia: Escorial e Termas de Lahuen Co Eco

No nosso segundo dia, resolvemos sair do conforto do asfalto e seguir pelo Parque Nacional Lanín.




Entrada Parque Nacional Lanin
Rodar pelas estradas de rípio, como são chamadas as estradas cascalhadas nesta região, é uma diversão maravilhosa para o Maurício, onde ele gosta de testar os limites do carro, do motorista e principalmente dos passageiros. E para isso nada melhor do que fazer isso na Argentina, onde todas as estradas que andamos são muito bem conservadas e possui as curvas compensadas, o que nos dá a impressão de estarmos numa verdadeira prova de  rally.

Seguimos pela Ruta 62 em direção a fronteira com o Chile e nosso destino era um SPA de águas termais na beira do Lago Epulafquen, distante aproximadamente 100 Km de San Martin.
Nossa primeira parada foi no Lago Lolog, que na linguagem Mapuche (povo indígena desta região) significa "lugar cheio de buracos".
As praias do lago são formada de pedrinhas onde nossa diversão foi brincar de jogar pedras na água e fazê-la quicar!
Lago Lolog
Continuamos rodando pela estrada e nossa próxima parada foi no Lago Curruhue Chico, que na linguagem Mapuche significa "lugar obscuro pequeno". No local encontramos uma área de camping que foi muito usado no verão, mas neste dia só encontramos uma manada de cavalos e o que tornava a paisagem ainda mais bela.
Manada a beira do Lago Curruhue Chico


Vista do Lago Curruhue Chico a partir de um mirante a beira da estrada
Ao chegamos ao próximo lago, o Curruhue Grande, deu para entender o porque do lago se chama Chico, pequeno em espanho.
No percurso passamos por uma ponto sobre o Arroio Aseret, ponto que paramos mais uma vez para apreciar a beleza que esta região nos oferece.

Rio Aseret
Vista panôramica do Lago Curruhue Grande torada a partir do mirante

Lago Curruhue Grande
Depois de apreciar o local e tirar muitas fotos, seguimos adiante. A nossa próxima parada seria na Laguna Verde, mas resolvemos fotografá-la no retorno, uma vez que voltaríamos pela mesma estrada.

Seguimos entre bosques de árvores nativas, quase sempre beirando lagos, entre muitas curvas, subidas e descidas chegamos ao Lago del Toro, um lago praticamente seco nesta época do ano, o que nos propicia ver as suas margens formadas pela ação vulcânica da região.

Vista Panorâmica Lago del Toro

Lago del Toro praticamente seca nesta época do ano
Seguimos mais alguns poucos quilômetros e nos deparamos com o El Escorial, onde a aproximadamente 400 anos houve um derramamento de lava do vulcão Achén Ñiyeu que deixou um rio por um percurso de 7,5 km até atingir o lago Epulafquen, sendo que até os dias de hoje este "rio de lava" é visível. Neste local foi criado uma trilha que nos possibilita andar entre as pedras vulcânicas e perceber toda a extensão do derramamento. Depois de 4 séculos ainda é uma região cinzenta e com muito pouca vegetação.


El Escorial

Trilha do Escorial, ao fundo o Lago Epulafquen

Trilha com vista do Vulcão Achén Ñiyeu

Chegamos ao final do percurso que havíamos programado, o SPA Termas Lahuenco a beira do Lago Epulafquen... e para a nossa surpresa, encontramos um local completamente abandonado, limpo e sem nenhum mobília. A estrutura física continua inteira e completamente perdida entre a cerros e lagos belíssimos. Encontramos o poço que emergia água quente e fornecia para a estrutura do SPA, essa água está a uma temperatura de 61ºC, temperatura comum quando as águas termais são provenientes de ação vulcânica.


Poço água termal, 61ºC


SPA Termas Lahuenco

Perto da estrutura do que um dia foi um SPA, o Ponto de Encontro ou porto no Lago Epulafquen ainda se encontra em bom estado e o que nos permite tirar boas fotos e nos deliciar nas águas do lago.
Na linguagem mapuche Lago Epulafquen quer dizer "braço de um lago", esse se liga através de um pequeno estreito ao grande Lago Huechulafquen (mapuche significa "Lago de Cume").


Vista panorâmica Lago Epulafquen



Água cristalina e temperatura agradável no Lago Epulafquen.
E conforme havíamos planejado, no retorno fizemos nossa parada na Laguna Verde para fotografar. Esse lago tem esse nome devido a vasta vegetação rasteira junto a orla e no fundo do lago. E mais uma vez, para nossa surpresa, nos deparamos com uma paisagem pitoresca devido a escassez de chuvas na região, deixando visível as árvores que um dia existiram na orla e uma praia imensa.



Laguna Verde

Encerramos nosso dia com um jantar no renomado restaurante El Meson de la Patagônia. Um restaurante tranquilo e com um atendimento realizado pelos próprios donos. A apresentação dos pratos é muito boa!

Entrada.


Salada.

Cordeiro.


E assim encerramos mais um dia, com um jantar de comidas típicas da região patagônica.












quarta-feira, 6 de abril de 2016

Voltando à Patagônia - Primeiro Dia

Depois de cinco anos, resolvemos voltar à Região Patagônica Norte na Argentina, e mais uma vez os dias foram marcados por descobertas maravilhosas, em contato com a natureza e respirando o mais puro ar do planeta Terra.

Nos hospedamos em San Martin de Los Andes, uma cidade tranquila e muito charmosa, onde são cultivados canteiros de rosas nas calçadas, praças e jardins das casas, situada a beira do Lago Lácar e entre montanhas.



Vista do Lago Lácar e San Martin de Los Andes

Sorveteria Mamusia, jardins de rosas, tipicos da região



Primeiro dia: Ruta 40 e Vila Angostura
Iniciamos nossos passeios pela estrada dos 7 Lagos, seguindo de carro pela Ruta 40, antiga Ruta 234, que liga a cidade de San Martin de Los Andes à Vila Angostura, estrada que desde 2015 se encontra totalmente asfaltada.

A região dos 7 Lagos encontra-se localizada entre o Deserto Patagônico e a Cadeia dos Andes, proporcionando um clima seco e um relevo acidentado, onde os lagos e rios são provenientes de degelo da neve que cobre a região nos meses de inverno. Como estivemos na região no final do verão, muitos destes rios se encontravam completamente secos, onde visualizávamos apenas o leito de pedras. Os rios que pudemos apreciar, possuem uma água tão cristalina e gelada que é possível ver  toda a sua profundidade.

Nesse trajeto de aproximadamente 100 km, que levamos cerca de 3 horas para percorrer, paramos por diversas vezes para fotografar a paisagem: cascatas, rios e lagos, que nem percebíamos o tempo passar, estonteados pela beleza da região. 


Lago Falkner



Lago Correntoso

Ao fundo, Lago Correntoso
Rio Correntoso

Lago Nahuel Huapi

Rio Pichi Traful



Chegamos a Villa la Angostura, um pequeno vilarejo que se intitula o Jardim da Patagônia, onde os canteiros na avenida central são repletos de flores e se localiza às margens dos Lagos Correntoso e Nahuel Huapi. Um vilarejo que tem na arquitetura características dos seus imigrantes colonizadores, os alemães, que ali se instalaram após a expulsão dos índios.






Em nossas viagens sempre procuramos fazer uma boa refeição, buscando a culinária local e foi na Villa la Angostura que encontramos um restaurante com uma decoração muito pitoresca (e já conhecida por nós na viagem anterior).



No retorno a San Martin, parada para fotografar a Cascata Vulignanto, pois a posição do sol era mais propícia neste horário.


E com esta imagem é que encerramos nosso primeiro dia.